Gestação = Intervalo
compreendido entre a fecundação do óvulo e a expulsão do(s) feto(s).
Período marcado por adaptações progressivas do organismo
materno (aumento de volume do útero, alterações circulatórias, endócrinas,
excretoras e do trato gastro intestinal) mediado
por hormônios da mãe e placenta (dependendo da espécie e do período de gestação),
que permitem ao organismo materno reconhecer a presença do feto.
RECONHECIMENTO MATERNO DA GESTAÇÃO
O blastocisto antes de se implantar no endométrio,
secreta substâncias que prolongam a vida do corpo lúteo. O tempo que isso
ocorre é chamado de reconhecimento
materno da gestação.
Em ruminantes o
trofoblasto do concepto em desenvolvimento bloqueia a regressão luteal através
da produção de interferons. Existe também a
produção de Proteína B
pela placenta, o que indica a fêmea que existe um concepto.
Em suínos a produção
de estógenos pelo blastocisto é um dos sinais
reguladores do período de reconhecimento materno da gestação seguidos
posteriormente pelos interferons.
HORMÔNIOS MATERNOS
Após a fecundação e implantação do embrião
os ovários produzem determinados hormônios que permitem que a gestação
continue.
Depois de um determinado período o corpo lúteo
regride, em cadelas ele se mantém durante toda a gestação. Em éguas existe
desenvolvimento folicular mesmo na gestação (formação de CL acessórios).
HORMÔNIOS NA GESTAÇÃO
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ESTRÓGENOS
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Após o estro os estrógenos diminuem até a metade do ciclo,
embora continuem a ser secretados em quantidades menores.
Durante a gestação esta secreção tende a aumentar
atingindo um pico entre a metade e o final (égua e cadela) ou no final da gestação
(outras espécies).
Produzido principalmente pela placenta.
Ação no aparelho reprodutivo:
- Multiplicação das células epiteliais uterinas.
- Hipertrofia das células da musculatura lisa uterina.
- Síntese de proteínas relacionadas com a contração (actina e miosina).
- Síntese de DNA e RNA, relacionados com síntese proteica.
- Deposição de glicogênio nas células da musculatura lisa uterina
(permitem a contração da musculatura junto com Ca).
- Síntese de colágeno
- Atuam como pré-requisito para ação de outros hormônios (produção de
receptores).
- Preparo do endométrio para ação da progesterona.
- Preparo da Glândula mamária para ação da progesterona e prolactina.
- Preparo da sínfise púbica para a ação da relaxina.
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PROGESTERONA
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A progesterona alcança picos em períodos diferentes nas espécies
domésticas (antes da metade da gestação somente a cabra, ovelha e cadela).
Ações sobre o útero previamente
sensibilizado pelo estrógeno:
Alteração das glândulas endometriais(saculações e senuosidades
favorecendo as secreções , nutrição do embrião)
Bloqueio progestacional: queiscência uterina (bloqueio dos canais de Ca,
impedindo as contrações uterinas).
Ação na Glândula mamária (ácinos e ductos)
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RELAXINA
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Sintetizada pelo CL e Placenta na maioria das espécies.
Apresenta picos variáveis na metade final da gestação.
Ações no aparelho
reprodutivo:
- Tornar maleável o
ligamento da sínfise púbica, ampliando o canal do parto.
- Atua na cérvix
– facilitando sua abertura.
- Atua no útero
– inibindo a contração (inibe ocitocina).
- Atua na glândula
mamária – inibindo a lactação.
HORMÔNIOS PRODUZIDOS PELA HIPÓFISE MATERNA NA GESTAÇÃO
- Hipófise anterior
FSH – (Hormônio folículo
estimulante)
Sua secreção é mantida durante a gestação – atuação
ainda desconhecida nesta fase.
LH -
(Hormônio Luteinizante)
Embora apresente picos, sua presença é constante mantendo o
CL, exceto em éguas onde a regressão dessa estrutura é precoce. Nesta espécie
o ECG tem ação luteinizante.
PROLACTINA
É luteotrófica, tem importância maior que o LH da metade para o fim da
gestação, atua na lactação.
- Hipófise posterior
Ocitocina
Produzida no hipotálamo e armazenada na hipófise.
Atua na liberação do estímulo neuronal com ação na contração
uterina e alvéolos mamários.
Apresenta meia vida curta (até 24 horas durante o parto),
depende de receptores produzidos pelos estrógenos.
A ocitocina é isolada de CL bovino, ovino e humano, com
aparente ação luteolítica (síntese de PG e lise do CL)
MUDANÇAS NOS ÓRGÃOS REPRODUTIVOS
VAGINA E VULVA
Durante a metade final da gestação – vulva torna-se altamente edemaciada
e vascularizada.
Durante a gestação – mucosa vaginal é pálida e seca, no final da gestação
torna-se edemaciada e friável.
CÉRVIX
Durante a gestação – orifício externo ocluído, presença
de muco altamente viscoso no canal cervical. Final da gestação liquefação e
descarga do muco imediatamente antes do parto.
ÚTERO
Durante a gestação – CL persistente – suspensão do
estro, algumas vacas podem demonstrar cio durante o início da gestação. Em éguas
– desenvolvimento de folículos (10-15) entre 35 e 150 dias de gestação.
Tanto o CL principal quanto os acessórios regridem por volta
do 7º mês.
LIGAMENTOS PÉLVICOS
Relaxamento ocorre durante a gestação, sendo mais acentuado
próximo ao parto.
É mais notado em vacas e ovelhas do que em éguas.Está relacionado a ação
da relaxina e de altos níveis de estrógeno no fim da gestação.
SECREÇÕES UTERINAS
O útero sob ação de estrógeno e progesterona estimula secreções
glandulares para a nutrição do embrião, o chamado “leite uterino”, rico
em proteínas e gordura (importante p/ égua e porca).
GLÂNDULAS MAMÁRIAS
Estrógeno – desenvolvimento do tecido mamário.
Progesterona – desenvolvimento de ductos e ácinos.
Prolactina – inicia a lactação.
PLACENTA OU UNIDADE FETO PLACENTÁRIA
A placenta é um
órgão endócrino muito importante para manutenção da gestação.
HORMÔNIOS PRODUZIDOS PELA PLACENTA
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Estrógenos e Progesterona
Utiliza-se de colesterol materno , pois não
possui sistema enzimático, produzindo progesterona com a finalidade de manutenção
da gestação e andrógenos fetais (testosterona e seus metabólitos).
-
hCG( Gonadotrofina Coriônica Humana)
Ação luteotrófica (semelhante ao LH), mantém o CL em
primatas
-
eCG/PMSG (Gonadotrofima Coriônica Equina/Gonadotrofina Sérica
de Égua Prenhe)
Ação semelhante ao FSH, estimula a formação de CL acessórios
em égua, é produzido nas células do cálice endometrial por volta dos 40 dias
de gestação.
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LP (Lactogênio Placentário)
Regula o transporte de nutrientes da fêmea
para o feto. Manutenção de CL em humanos (Primatas, ratos, ovelhas, bovinos)
Parece possuir ação luteotrófica. (felinos,
primatas, eqüinos, coelhos suínos),
Reconhecimento materno da gestação.
Glicoproteínas e polipeptídeos foram isolados
da unidade feto placentária. Apesar de não apresentarem atividade hormonal,
induzem a resposta hormonal e estão relacionadas com várias funções como:
diagnóstico de gestação e reconhecimento materno da gestação.
DURAÇÃO DA
GESTAÇÃO
FATORES QUE INFLUENCIAM A DURAÇÃO
DA GESTAÇÃO
Raça: as puras apresentam
tempo maior de gestação.
Sexo do Feto:
Machos apresentam tempo maior de gestação (nas espécies monotócicas).
Gemelaridade:
menor tempo de gestação nas grandes espécies (distensão do útero
e produção de corticóides).
Idade da mãe:
fêmeas mais velhas apresentam maior tempo de gestação ( talvez por
diferenças metabólicas e hormonais).
Tamanho e número de
fetos: quanto maior o número
de fetos menor o tempo de gestação.
Estação do ano:
maior quantidade de alimento, menor tempo de gestação.
FATORES QUE PODEM ABREVIAR A GESTAÇÃO
Gestação gemelar (fêmeas
monotócicas).
Estresse (
Liberação de cortisol que inicia o trabalho de parto).
Regressão precoce do CL
(dependendo da espécie).
Medicamentos como corticosteróides, prostaglandinas e estrógenos ou desequilíbrio
nas proporções entre hormônios estrogênicos e progestacionais.Traumatismos
FATORES QUE PODEM PROLONGAR A GESTAÇÃO
Deficiências nutricionais
Fatores genéticos (híbridos e fetos homozigotos para
recessivos autossômicos – hipoplasia da adrenal)
Medicamentos como:
Aumento –Ex: anticoncepcionais em fêmeas prenhes
Causam masculinização de fetos do sexo feminino – podem se
transformar em progestágenos
Usados com antiinflamatórios. PG – importante para o início
do trbalho de parto.
Alterações fetais
Hipófise (anencefalia e hipoplasia de hipófise)
Adrenal ( aplasia e hipoplasia)
FORMAS ESPECIAIS DE GESTAÇÃO
SUPERFECUNDAÇÃO.
Fêmeas com estro prolongado que são cobertas
por um ou vários machos (ninhadas maiores do que o previsto para a raça)
SUPERFETAÇÃO.
Animal com estro e cobertura durante a gestação.
Pode ocorrer em eqüinos suínos e felinos.
GESTAÇÃO MÚLTIPLA PATOLÓGICA.
Ocorre em fêmeas monotócicas.
GESTAÇÃO EXTRA UTERINA OU ECTÓPICA
Pode ser ovárica, tubárica(comum em humanos),
abdominal (peritonial).
Geralmente é inviável e extremamente rara
em animais. |