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PREVENÇÃO
CONCEITO
PERKINS
– “Bloquear ou interceptar as causas para fazer cessar os seus efeitos”. Essa
é a essência da prevenção. As
ações preventivas podem ser exercidas em qualquer fase da história natural da
doença, tanto no período pré-patogênico (quando as possibilidades de evitar
o estabelecimento do estímulo-doença são maiores) como no período patogênico
(quando já instalado o processo, procuramos interromper sua evolução e
minimizar suas conseqüências). PREVENÇÃO
– É o conjunto de procedimentos que visam a proteger e melhorar a saúde de
uma população e, portanto, sua qualidade de vida, seja impedindo a entrada da
doença em áreas geográficas ainda livres, seja protegendo a população de
regiões onde a doença já ocorre. São
tantas as causas envolvidas no processo doença e tal é a multiplicidade de
maneiras como atuam que não podemos apoiar a profilaxia em um único
procedimento ou ação preventiva como alguns chegam a indicar, invocando o
emprego de vacinas como a solução final para todos os casos. Analisaremos
as ações profiláticas segundo diferentes níveis de prevenção. NÍVEL
PRIMÁRIO DE PREVENÇÃO
Engloba
o conjunto de ações indicadas para o período pré-patogênico do processo
doença e tem como propósito básico impedir ou evitar tanto sua introdução
no ecossistema como a conseqüente instalação nos indivíduos. Nesse
grupo de ações incluem-se as que objetivam a promoção da saúde, assim como
aquelas que têm como escopo a proteção específica do hospedeiro. PROMOÇÃO DA SAÚDEAções
inespecíficas que buscam a melhoria da qualidade de vida da população. São
por natureza abrangentes, apresentam um caráter geral e seu emprego é
orientado para uma ampla faixa de agravamentos da saúde. Tais
ações incluem procedimentos de natureza estrutural, educativa e saneadora. AÇÕES ESTRUTURAISAs
condições de adequação ao ambiente, de abrigo ou habitação, de alimentação,
de lazer e de convívio social ou de densidade populacional, são fundamentais
para todas as espécies animais. Se
desejarmos ocupar uma determinada área geográfica com populações animais ou
humana, é essencial que as condições acima sejam asseguradas, sem o que a
qualidade de vida dessas populações estará privada de suas necessidades básicas.
A
qualidade dos elementos acima (abrigo, habitação, alimentação, lazer, convívio
social ou densidade populacional) constitui fator primordial para a qualidade de
vida ou o bem estar da sociedade. O
bem estar da sociedade humana está estreitamente relacionado à qualidade de
vida dos seus animais, tanto de produção como de lazer. Não
haverá qualidade de vida sem a existência de uma infra-estrutura que contempla
os aspectos apontados, uma vez que indivíduos desprovidos de suas condições básicas
de sobrevivência é um indivíduo vulnerável à doença. “...A
magnitude do processo de saúde, que se obtém construindo hospitais
ultra-modernos, dotados de equipamentos sofisticados, provavelmente é trivial
em comparação com os resultados que podem ser obtidos, a um custo muito
inferior, proporcionando a todas as crianças uma alimentação bem equilibrada,
boas condições sanitárias e um ambiente estimulante.”...(DUBOS, 1965). AÇÕES EDUCATIVASÉ
o conjunto de ações que visa a levar à comunidade os conhecimentos essenciais
relativos às ações de saúde, objetivando não apenas a aceitação do
programa que se deseja implantar, mas também facilitar o uso de princípios
higiênico-sanitários e de tecnologias simples, capazes de contribuir para sua
própria saúde e para a melhoria das condições de vida para todos. AÇÕES SANEADORASSão
as ações dirigidas diretamente aos componentes ambientais. Entre as múltiplas
ações abrangidas pela categoria mencionaremos o controle sanitário do ar, água,
alimentos, do lixo e excretas, do solo, dos hospedeiros e vetores, entre outros.
Os procedimentos correspondentes serão considerados ao tratarmos da prevenção
relativa aos diferentes elementos da cadeia de transmissão. PROTEÇÃO
ESPECÍFICA
As
ações específicas são de caráter restrito e objetivam proteger
especificamente a população contra uma determinada entidade nosológica ou a
um conjunto limitado dessas. Os
procedimentos de imunização ou o emprego de determinada terapêutica específica,
ilustram a categoria. Embora se trate de recurso muito valioso, sua utilização
denota deficiência nas ações anteriores e apresenta, por seu turno, limitações
tanto de natureza técnica quanto econômica, como veremos mais adiante. NÍVEL
SECUNDÁRIO DE PREVENÇÃO
A
evolução do processo para o período patogênico denota o fracasso na adoção
das medidas de nível primário de prevenção ou PRIMEIRA BARREIRA SANITÁRIA. Nesse
caso, do mesmo modo que numa guerra, recorre-se como segunda instancia, a um
novo conjunto de recursos preventivos que caracterizam este nível. IDENTIFICAÇÃO
DAS FONTES DE INFECÇÃO
O
diagnóstico, tão precoce quanto possível das fontes de infecção constitui o
recurso da maior relevância do nível secundário de prevenção, uma vez que a
eficiência da ação desencadeada está na razão direta da precocidade com que
se efetivam o diagnóstico e sua correspondente notificação às autoridades
sanitárias. Uma
ação tardia, quando a doença já se dispersou na população, não apenas tem
sua eficiência reduzida, como também onera profundamente os custos
operacionais das ações necessárias a seu combate. A
identificação das fontes de infecção na fase inicial do período pré-patogênico
(patologia precoce), constitui tarefa extremamente difícil, em razão das
limitações encontradas, sejam elas de natureza técnica ou econômica. Quando
atentamos para os diferentes graus de saúde apresentados pelos indivíduos que
compõem uma população, só então nos damos conta das dificuldades técnicas
a enfrentar numa ação neste nível. Essa
condição pode ser comparada a um Iceberg, em que a parte visível seria
representada pelos casos típicos da doença, passíveis de uma descoberta
imediata. Os casos atípicos em fase prodrômica, ainda quando revelando
anormalidades, mais ou menos sutis, não oferecem elementos para o
estabelecimento do diagnóstico, mesmo que de suspeição. A situação se torna
ainda mais nebulosa quando relembramos que nesse cenário se encontram, não
apenas os portadores que embora aparentemente saudáveis albergam, eliminam, o
agente da doença, mas também os efetivamente sadios. Um
sistema de vigilância epidemiológica bem estruturado, analisando informações
relativas não apenas aos diferentes graus de saúde, representados pelos
segmentos correspondentes da população, mas também aos demais componentes do
ecossistema realmente oferece o necessário suporte para uma ação preventiva
bem sucedida, ao mesmo tempo que realimenta os demais níveis de prevenção. INTERVENÇÃO
IMEDIATA
A
atuação imediata sobre as fontes de infecção tem por objetivo reduzir rápida
e drasticamente o potencial de infecção. Entre
as várias ação sobre a fonte de infecção temos : a)
sacrifício ou eliminação dos indivíduos afetados, objetivando eliminar o
potencial de infecção aplicável a populações animais. b)
Isolamento ou segregação física dos indivíduos capazes de transmitir a doença,
objetivando limitar o potencial de infecção a uma área restrita, facilita a
adoção de medidas terapêuticas do paciente e de destruição do agente, tão
logo ele seja eliminado do organismo do hospedeiro. c)
tratamento ou terapêutica medicamentosa que visa a recuperação da saúde do
indivíduo, atua preventivamente, impedindo a ação da doença e com isso
prevenindo possíveis complicações, ao mesmo tempo que se reduz o período de
transmissibilidade. NÍVEL
TERCIÁRIO DE PREVENÇÃO
É
o conjunto de ações desenvolvidas no período patogênico tardio, quando já
tenha ocorrido alteração de natureza estrutural e funcional. Tem como objetivo
limitar a incapacitação deixada pela enfermidade e promover a reabilitação
do indivíduo de forma a reintegrá-lo na sociedade de uma forma produtiva. INTENSIDADE DE AÇÕES PREVENTIVASNa
dependência da intensidade cm que são aplicadas as ações de prevenção,
vamos encontrar diferentes termos que visam a caracterizar variados graus de
intensidade da ação preventiva, sendo: CONTROLE
e ERRADICAÇÃO. CONTROLEControle
é o conjunto de medidas ou ações empregadas com o objetivo de reduzir a freqüência
da ocorrência da doença, já presente na população, até que essa se detenha
em níveis compatíveis com a realidade existente. ERRADICAÇÃOErradicação
é o conjunto de ações dirigidas com fins específicos de eliminar uma doença
de um determinado território. É um procedimento radical e intensivo, o sucesso
depende da integração envolvendo diferentes segmentos profissionais e múltiplas
medidas sanitárias. A
erradicação é o nível mais elevado das ações de prevenção aplicadas a
uma doença. PROCESSO
DE DECISÃO
O
processo de decisão relativo à escolha das ações a serem desencadeadas
depende do conhecimento disponível a respeito da realidade existente, e envolve
numerosos aspectos como: a)
a existência de recursos humanos e financeiros b)
a disponibilidade e procedimentos diagnósticos, exeqüíveis e confiáveis,
bem como dos necessários insumos c)
as características do(s) agente(s) causal(is) d)
a prevalência e correspondente dispersão do agente no espaço e no
tempo e)
o perfil do sistema ecológico f)
o custo das atividades a serem desenvolvidas e correspondente benefício g)
o risco para a espécie humana. |
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