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AVALIAÇÃO DOS TESTES DIAGNÓSTICOS

Para se avaliar os testes diagnósticos devemos levar em consideração algumas qualidades dos testes.

Para testes quantitativos devemos avaliar a precisão e a exatidão do teste.

Para testes qualitativos devemos avaliar a sensibilidade e a especificidade do teste.

 Fatores que condicionam a qualidade de um procedimento diagnóstico

 A montante do laboratório:

  • escolha da amostra (qual material de quais animais)

  • método de colheita (quanto material, de que forma, esterilidade)

  • conservação e transporte (tempo e modo)

 No laboratório:

  • o teste: escolha da amostra e dos reagentes, aplicação da técnica
  • (instrumentos, locais e pessoal), leitura dos resultados
  • o resultado: modalidade de expressão, reserva
  • (a interpretação)

 A jusante do laboratório:

  • a interpretação e a utilização do resultado

 Elementos a considerar na escolha de um teste massal (avaliação de  rebanho)

  • Validade (SE e SP)

  • Situação epidemiológica

  • Repetibilidade (dentro e entre operadores, entre laboratórios)

  • Possibilidade de estandardização (padronização)

  • Facilidade de execução da coleta de material

  • Custo

  • Outros: política sanitária, legislação, grau de aceitação

 Precisão: é a habilidade do método em oferecer resultados consistentes em sucessivas tentativas e repetições de um mesmo exame, isso é a capacidade de apresentar uma elevada reprodutibilidade,em razão da pequena variabilidade existente entre os valores obtidos numa série de realizações. Um método preciso oferece ao exame repetido de um mesmo material, resultados sempre próximos uns dos outros, ainda que difiram do valor real a ser aferido.

 Exatidão: Ao realizarmos uma série de repetições do exame de um determinado material, a exatidão reflete a habilidade do método em oferecer resultados cuja média muito se aproxima do verdadeiro valor real que se deseja medir.

Exemplo:

Suponha que a taxa de glicose de um indivíduo é de 80 mg/100 ml.

 Ao aplicarmos um método A em 5 oportunidades obtivemos os seguintes resultados; 60,70,80,90,100 mg/100ml.

Embora tenha ocorrido uma variação nos valores obtidos a média desses valores representa o valor real esperado, ou seja, 80 mg/100ml.

 Ao aplicarmos um método B a série de resultados obtidos foi bastante diversa, 88,89,90,91,92 mg/100ml. Esses resultados apresentam uma baixa variabilidade, porém  a média difere do resultado esperado.

Podemos dizer que o método A é mais exato que o B e menos preciso, e que B é mais preciso que A, porém menos exato.

 Sensibilidade: É a habilidade de um método em detectar maior número de positivos no grupo de indivíduos que realmente possui o atributo a ser pesquisado. É avaliada em porcentagem de indivíduos que o método é capaz de descobrir.

Na prática os resultados podem ocorrer por causa de diversos fatores como o baixo poder de detecção do método, surgindo assim os falsos negativos (FN). Nesse caso indivíduos que possuem o atributo a ser pesquisado são classificados como negativos.

Ex: Ao tratarmos da fonte de infecção os doentes atípicos podem ser classificados como negativos por causa das formas assintomáticas da doença.

Outro fator capaz de induzir falso-negativos são os inibidores específicos do soro. Amostras de soro altamente contaminadas com hemolisinas podem ser anti-complementares, acarretando resultados negativos à fixação de complemento.

Um teste com alta sensibilidade tem menos falsos negativos. Deve-se utilizar um teste com elevada sensibilidade quando estamos diante de alguma enfermidade com alta prevalência.

 Especificidade: Representa a habilidade do método em reagir positivamente, única e exclusivamente, em relação a um determinado atributo e a nenhum outro, isto é, oferecer resultados positivos quando aplicado a indivíduos dotados do atributo em questão e resultados sempre negativos quando os indivíduos, a ele submetido não apresentarem o atributo. É avaliada pelo número de resultados negativos que o método revela no grupo de indivíduos não acometidos por um determinado agente, não dotado do atributo considerado.

Na prática um teste pode apresentar resultados positivos para uma determinada doença quando o indivíduo não é acometido por ela, isso constitui os chamados falsos positivos. (FP).

Múltiplas são as causas de falsos positivos como:

Fatores determinantes de reações cruzadas de grupo que induzam resposta imune resultante de estímulos de antígenos similares, acontecendo em provas sorológicas e imuno-alérgicas.No caso das provas de soro aglutinação empregadas no diagnóstico de brucelose várias bactérias podem apresentar reações cruzadas de coaglutininas como a Yersinia, Proteus, Ox-19, Leptospira, Pasteurella, etc.

No caso da tuberculina falsos positivos podem ocorrer em razão de infecções devidas a outras micobactérias.

Um teste com especificidade elevada representa menor número de falsos positivos.

Um teste com alta especificidade deve ser utilizado quando se trata de uma doença com baixa prevalência.

 Coeficiente global do teste

Considerando-se que a sensibilidade e a especificidade são dois parâmetros fundamentais para se estabelecer a validade de um teste diagnóstico, é evidente que o método qualitativo ideal seria aquele que reunisse essas duas características na sua intensidade máxima.

O coeficiente global do teste reflete a proporção de resultados verdadeiros no conjunto de todos os testes realizados.

Para obtermos os valores desses coeficientes deverá ser feito da seguinte maneira.

 Montar-se uma tabela com  os resultados obtidos de um teste diagnóstico.

 

Resultado do diagnóstico

Indivíduo infetado

Indivíduo não infectado

Total

Positivo

a

b

a+ b

Negativo

c

d

c+ d

Total

a  + c

b + d

a+ b + c + d

 

a = representa o número de indivíduos que o método foi capaz de identificar como positivos entre aqueles efetivamente infectados, isto é, verdadeiros positivos (VP) e reflete a sua sensibilidade (S).

b =  representa o número de indivíduos que o método identificou como positivos do grupo de não infectados, portanto revela o número de resultados falso-positivos (FP) que o método detectou.

c= Representa o número de indivíduos efetivamente infectados que o método considerou como negativos, ou seja, o número de resultados falso-negativos (FN)

d= Representa o número de indivíduos não infectados que o método qualificou, acertadamente, como negativos, isto é, o número de resultados verdadeiramente negativos (VN), e reflete sua especificidade (E).

a+c = representa o número de indivíduos efetivamente infectados

b+d = representa o número de indivíduos efetivamente não infectados

a+b = representa o número de indivíduos identificados pelo método como positivos

c+d = representa o número se resultados qualificados pelo método como negativos.

 

Sensibilidade (S) =   É a proporção de infectados que o  método é capaz de detectar como  positivos. S =  [a /(a+c)]  x 100

Especificidade (E) = É a proporção de não infectados que o método é capaz de qualificar corretamente como negativos. E= [d/(b+d)] X 100

Validade Preditiva do Resultado Positivo (VPR +)  = [a/(a+b)]  X 100

Valor preditivo positivo = Indica a proporção de resultados verdadeiros no conjunto de resultados positivos.

Validade Preditiva do Resultado Negativo (VPR -) = [d/(c+d) ] X 100

Valor Preditivo negativo=Indica a proporção de resultados verdadeiros no conjunto de resultados negativos.

Coeficiente global (eficiência) do método (CG)  =    [(a+d )/ (a+b+c+d)] X 100  - É a proporção de resultados que o método classifica corretamente.

Quando comparamos dois testes e obtemos um VPR+ de 84% em um teste A e VPR+ de 25% em um teste B, significa que quando pagamos uma indenização por descarte de animais, estaremos pagando no teste B 75% de indenização indevida pois só 25% dos positivos obtidos pelo teste são verdadeiramente positivos.

 

Prevalência Real = (a+c) / (a+b+c+d)

Prevalência Aparente = (a+b) / (a+b+c+d)

 

Métodos para modificar a SE e a SP de um procedimento diagnóstico

Modificação do ponto de corte:

 Abaixamento = aumento de SE

 Levantamento = aumento SP

Emprego de um novo teste

Uso de dois testes

em sucessão:

 reteste  apenas dos negativos = aumento de SE

 reteste apenas dos positivos = aumento de SP

contemporaneamente:

 * interpretação em série: um indivíduo, para ser julgado positivo, deve ser positivo para ambos os testes =  aumento de especificidade

 * interpretação em paralelo: um indivíduo, para ser considerado negativo, deve ser negativo para ambos os testes  = aumento de sensibilidade

 

 

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Última modificação: 18 maio, 2005