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Reprodução Animal
Acima Dissertação de Mestrado Tese Doutorado Mastite Bubalina Revista Napgama CONBRAVET 2000 ICAR 2000 Microbiologia 1 Microbiologia 2 Encontro das Feras Reprodução Animal

 

Relação entre microbiota cérvico- uterina de fêmeas bubalinas (Bubalus bubalis) e taxa de concepção após inseminação artificial./ Uterine-cervical microbiota and conception rate relationship in female buffaloes after artificial insemination

Guido, M.C 1 .; Baruselli, P.S.1, Benites, N, R 2; Costa, E.O. 2

1-       Departamento de Reprodução Animal da FMVZ – USP

2-       Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal – NAPGAMA – FMVZ-USP

 Resumo

Foram utilizadas 92 fêmeas bubalinas  de três propriedades situadas na região do Vale do Ribeira, São Paulo, com mais de 40 dias pós-parto. Foi realizado colheita com “swab” cérvico-uterino no momento da inseminação artificial para avaliação da microbiota  e sua influência na taxa de concepção ao protocolo de inseminação em tempo fixo.(GnRH/PGF/GnRH) . Avaliou-se também a influência da condição corporal na taxa de concepção. Os resultados do presente estudo não demonstrou relação entre o tipo de muco observado e o microrganismo isolado. Observou-se taxa de concepção maior em animais que não apresentaram muco aparente quando comparado com animais que apresentaram diferentes tipos de muco. Animais que apresentaram muco purulento, obtiveram 60% de taxa de concepção. Do total de 92 amostras analisadas foi observado isolamento bacteriano em 42,39% das amostras e 57,60% não apresentaram isolamento bacteriano . Animais com escore entre 3,5 e 4,0 apresentaram menor isolamento bacteriano do que animais com escore entre 2,0 e 3,0 .A taxa de concepção encontrada com relação ao escore corporal foi de 0,0% para escore 2,0; 32,4% para escore 3,0; 35,0% para escore 3,5% e 54,5% para escore 4,

Palavras chaves,: búfalo, inseminação, microbiota uterina

Summary

 Ninety two female buffaloes, from 3 farms located at The Ribeira Valley region, in the state of São Paulo, Brazil, were utilized after they had been for least 40 days in the post-part period. An uterine-cervical swab
was colleted at A.I. in order to evaluate the microbiota influence on the conceptio rates according to a fixed time insemination protocol (GnRH/PGF/GnRH). Body condition and conception rate was also assessed. At the present study, the type of mucus and the isolated microorganism were not correlated. The conception rates were higher in the animals which did not present apparent mucus when compared to those which presented different types of mucus. Animals with purulent mucus showed a 60,0% conception rate. From the 92 samples analyzed, 42,4% presented some type of bacteria. Animals with a body score between 3.5 and 4.0,apparently revealed a lower bacteria isolation than the animals with a body score of 2.0 and 3.0. The conception rates and body scores correlated as follows: body score 2.0=0,0%, 3.0=32.4%, 3.5=35,0% and 4.0=54.5.%
Key words: buffalo, insemination, uterine microbiota

INTRODUÇÃO:

 A infecção bacteriana se destaca como uma importante causa de repetição de cio, bem como abortamentos em bovinos e bubalinos. Existem evidências que em 100% das vacas paridas, o útero sofre invasão de microrganismos infecciosos depois da expulsão do feto. Na maioria das vacas tal infecção é eliminada no 1o ou 2 o estro pós-parto, devido à ação estrogênica no útero e trato genital (ROBERTS,S.J., 1971)Os processos inflamatórios do sistema genital feminino, particularmente do útero, são muito freqüentes nos animais domésticos. No puerpério, o útero constitui ambiente extremamente favorável ao crescimento de microrganismos. A decomposição de restos das membranas fetais e a presença do lóquio fazem com que esse órgão se torne excelente meio de cultura.( NASCIMENTO, et all ,1994).O objetivo desse trabalho foi avaliar a microbiota cérvico-uterina e a influência da condição corporal na taxa da concepção após a inseminação artificial.

MATERIAL E MÉTODOS

 Foram utilizadas 92 fêmeas bubalinas hígidas, de três fazendas situadas na região do Vale do Ribeira, São Paulo. Selecionaram-se animais com mais de 40 dias pós-parto. Utilizou-se a técnica de sincronização da ovulação e inseminação artificial com tempo fixo no seguinte esquema : No dia 0 foi aplicado 4 ml de GnRH (acetato de buserelina 5 mg/ml)[1], no dia 7 foram aplicados 2 ml de Prostaglandina (luprostiol 15 mg)[2], no dia 9 foram aplicados 2 ml de GnRH ( acetato de buserelina 5mg/ml) e no dia 10, após 16 hs da última aplicação foi realizada a inseminação artificia(BARUSELLI,1998). Os medicamentos foram administrados por via intramuscular. Os animais foram classificados segundo sua condição corporal em escore de 1 a 5 (BARUSELLI,et all,1995).As colheitas de material foram realizadas  no dia da inseminação artificial. Foi realizada a palpação retal para avaliar as condições do aparelho reprodutivo. Após a higienização da vulva foi introduzido "swab'" estéril, fixado e protegido no aparelho para "swab"[3]  revestido por uma camisa sanitária. Por palpação retal o aparelho era dirigido até os anéis cervicais, onde era rompida a camisa sanitária, exteriorizado o "swab" e rotacionado na entrada dos anéis cervicais. Após este procedimento o “swab” foi recolhido para o interior do aparelho e retirado da vulva do animal. Em seguida o "swab" foi mergulhado em meio BHI acrescido de vaselina líquida estéril e mantido sob refrigeração para transporte até o laboratório. Foi realizado cultivo em meio enriquecido Ágar Brucella com 5% de sangue de carneiro mais vitamina k e hemina, Ágar Sabouraud Dextrose e Ágar MacConckey, incubado a 37º em ambiente de aerobiose e anaerobiose. A identificação das culturas foi feita de acordo com LENETTE et all (1985) e a classificação de acordo com KRIEG e HOLT (1994).

 RESULTADOS E DISCUSSÃO:

 Pode-se observar na Tabela 1 que 64% dos animais analisados não apresentaram descarga de muco aparente à palpação retal na hora da colheita e 36% apresentaram muco com características variáveis. Apenas 5,4% dos animais apresentavam muco purulento. BARUSELLI (1996) encontrou descarga de muco à palpação retal em 68,9% dos animais com sintomatologia de cio comportamental. No presente estudo não foi observado relação entre o tipo de muco observado e o isolamento de microrganismos. Pode-se observar que a taxa de concepção foi maior em animais que não apresentaram muco aparente do que em animais que apresentaram diferentes tipos de muco . Pode-se observar também que 60% dos animais que apresentaram muco purulento emprenharam, esse resultado pode estar relacionado ao pequeno número de animais que apresentaram muco purulento. Pode-se observar na Tabela 2 uma taxa de concepção de 34,8% no presente estudo, sendo que 50,0%(n=16) ocorreram concomitantemente com o isolamento de microrganismos e 50,0%(n=16) na ausência de isolamento. Do total de 92 amostras analisadas foi observado isolamento bacteriano em 42,4% das amostras e 57,6% não apresentaram isolamento bacteriano.Com relação ao isolamento de microrganismos em diferentes condições corporais (Tabela 3) os resultados obtidos não apresentaram diferenças estatísticamente significantes apesar de animais com escore entre 3,5 e 4,0 apresentarem aparentemente menor isolamento bacteriano do que animais com escore entre 2,0 e 3,0. Na Tabela 4 podemos observar que a taxa de concepção encontrada com relação ao escore corporal foi de 0,0% para escore 2,0; 32,4% para escore 3,0; 35,0% para escore 3,5 e 54,5% para escore 4,0. Esse resultado está de acordo com BARUSELLI(1998)o qual demonstrou baixa  eficiência reprodutiva de animais com escore entre 2,5 e 3,0.comparado com animais de escore 3,5 e 4,0. Os resultados obtidos reforçam a importância da condição corporal do animal no momento da inseminação e sugerem que a microbiota cérvico-uterina não está relacionada com a característica do muco observado .O tipo de muco observado, ou o simples isolamento bacteriano, não é suficiente para se determinar se o animal deve ou não ser inseminado.

 Tabela 1- Avaliação do tipo de muco e isolamento bacteriano na taxa de prenhez de búfalas inseminadas artificialmente. Vale do Ribeira, São Paulo, 1998.

Tipo de muco

Sem isolamento Bacteriano

Com isolamento Bacteriano

Total

 

 

Nº búfalas

Inseminadas

Nº búfalas

Prenhes

Nº búfalas

Inseminadas

Nº búfalas

Prenhes

Nº búfalas

Inseminadas

Nº búfalas

Prenhes

 

Turvo

4

1(25,0%)

6

2(33,2%)

10

3(30,0%)

Purulento

2

0(0,0%)

3

3(100,0%)

5

3(60,0%)

Cristalino

10

3(30,0%)

8

2(25,0%)

18

5(27,7%)

Sem muco

37

12(34,4%)

22

9(40,9%)

59

21(35,6%)

Total

53

16(30,2%)

39

16(41,0%)

92

32(34,8%)

Tabela 2 Resultados de prenhez e microbiológico das fêmeas bubalinas utilizadas no Vale do Ribeira, São Paulo, 1998.

Prenhez

Sem isolamento Bacteriano

Com isolamento Bacteriano

Total

 

 

 

 

Positiva

16(17,4%)

16(17,4%)

32(34,8%)

Negativa

37(40,2%)

23(25,0%)

60(65,2%)

Total

53(57,6%)

39(42,4%)

92(100,0%)

 Tabela 3 - Resultados microbiológicos em relação a condição corporal das fêmeas bubalinas utilizadas das fazendas do Vale do Ribeira,São Paulo,1998.

 

Escore

Sem isolamento Bacteriano

Com isolamento Bacteriano

Total

Corporal

Nº búfalas

Inseminadas

Nº búfalas

Prenhes

Nº búfalas

Inseminadas

Nº búfalas

Prenhes

Nº búfalas

inseminadas

Nº búfalas

Prenhes

2,5

1

0(0,0%)

1

0( 0,0%)

2

0(0,0%)

3,0

18

5(27,7%)

19

7(36,8%)

37

12(32,4%)

3,5

24

7(29,1%)

16

7(43,7%)

40

14(35,0%)

4,0

9

4(44,4%)

2

2(100,0%)

11

6(54,5%)

Total

52

16(30,7%)

38

16(42,1%)

90

32(35,5%)

*Dois animais não foram classificados quanto ao escore corporal.

 Tabela 4 - Resultado de prenhez em relação a condição corporal das fêmeas bubalinas utilizadas  das fazendas  do Vale do Ribeira, São Paulo, 1998.

 

Escore Corporal

Total de animais

Total de Prenhez

% de prenhez

2,5

2

0

0%

3,0

37

12

32,43%

3,5

40

14

35%

4,0

11

6

54,54%

Total

90

32

 

 

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 BARUSELLI, P.S.; BARNABE, V.H.; BARNABE, R.C.; VISINTIN, J.A.; MOLERO-FILHO, J.R; PORTO-FILHO, R. Condição corporal ao parto e eficiência reprodutiva de fêmeas bubalinas inseminadas artificialmente. In: IX CONGRESSO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL. v.1, p.380, 1995.

BARUSELLI,P.S.. Reprodução  de bubalinos. In : Simpósio Brasileiro de Bubalinocultura. O Búfalo no Brasil. Cruz das Almas, p.117-153, 1996

BARUSELLI, PS. Estudo da Dinâmica Folicular para o emprego de biotecnologias da Reprodução em Bubalinos. I CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL Fortaleza – CE   p.79-96, 1998.

KRIEG,n.r. & HOLT, J.C. Bergey's manual of sistematic bacteriology. 9 o ed. Baltimore, Willians & Wilkins, 1994.

 

LENNETE, E.M.; BALOWS, A . ; HANSLER, W.J.R.; SHADOMY, H. J. Manual of Clinical Microbiology. 4th, American society for Microbiology, Washington, 1985.

 NASCIMENTO,E.F.; ABDO,M.A . G.S.; CHQULOFF,M.A .G.; CASSALI,G.D. Alterações morfológicas em ovários e útero de vacas azebuadas não gestantes. I .Alterações inflamatórias: metrite, endometrite e cervicite. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. V.46, p.121-126, 1994.

 ROBERTS, S.J. (THERIOGENOLOGY) Veterinary Obstetrics and Genital Diseases. Edward brothers, Inc.Anm Arbor, Michigan, 776p. 1971.

 


[1] CONCEPTAL – Hoechst Rousset Vet. São Paulo

[2] PROSOLVIN – Intervet Divisão Intervet Curitiba .PR

[3] Aparelho para “Swab” “HOPTNER”

 

 

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Última modificação: 18 maio, 2005