Home Acima Comentários Conteúdo Pesquisar

Brucelose
Acima

 

Maria Carolina Guido DVM, MS

Pós- Graduanda – Doutorado Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP – Dep. Reprodução Animal,

Lilia Marcia Paulin Grasso DVM,MS

Pesquisadora do Instituto Biológico de São Paulo – Laboratório de Doenças Bacterianas da Reprodução.

BRUCELOSE

  • Sinônimos:

Mal de Bang, Aborto Enzoótico, Aborto Infeccioso dos Bovinos, Mal da Cernelha (Eqüinos); Febre de Malta e Febre do Mediterrâneo (Humanos)

  • Definição:

Antropozoonose, preferencialmente crônica,  causada pela bactéria do gênero Brucella  (intracelular facultativa)

  • Grupos de risco:

Veterinários, Tratadores, Magarefes, Laboratoristas

  • Importância econômica         

Restrições comerciais

Surtos de abortamento           

Distúrbios reprodutivos

Queda na produção leiteira  

Aumento na taxa de reposição de animais (30%)             

Morte de bezerros         

Aumento do intervalo entre partos (20 meses)

  • HISTÓRICO:

1859 – Foi reconhecida pela primeira vez por Marston que contraiu a doença em Malta

1886 – Sir David Bruce – Ilha de Malta  no Mediterrâneo – Febre de Malta acometia os soldados ingleses. Isolou o agente de baço  dos soldados. – Micrococcus melitensis

1879 – Wright e Smith – Teste Sorológico – Soro aglutinação Lenta em Tubos – SLT

1904 – Zammit – isolou o agente do leite de cabras relacionando com a doença humana através da ingestão do leite.

1887 – Identificadas pela primeira vez nos bovinos, na Dinamarca por Bang e Stribolt. Foi chamada de Bacillus abortus bovis, foi relacionado com o abortamento infeccioso bovino

1911 – Schroeder e Cotton – Eliminação da bactéria no leite bovino

1920 – Mayer e Shaw – criaram o gênero Brucella

1923 – Huddleson – três espécies –

B. melitensis (caprinos), B. abortus (bovinos) , B. suis (suínos)

1925 – Buck – experimentos para primeira vacina B19

1929 – Huddleson – Soro aglutinação Rápida em Placa (SRP)

1953 – Brucela ovis (ovinos)

1957 – Brucela neotomae (roedores)

1968 – Brucela canis (canídeos)

1994 – Brucela maris (mamíferos marinhos)  

Viabilidade da B. abortus em diferentes substratos segundo vários autores. São  Paulo, 2000.

Tipos de Substrato

Tempo de sobrevivência

Instalações

4 meses

Pasto

1-6 dias

Solo  úmido

100 dias

          Seco

1 a 2 meses

Água fria

151-185 dias

          Potável

5 – 114 dias

          Poluída

1-5 meses

Leite 15ºC

38 dias

         62,8-65,6ºC

30 minutos

         71,7ºC

15 segundos

Fezes  esterco

5 dias

           Úmidas

4 meses

 Fonte: Grasso, 2000.

SENSIBILIDADE DA BRUCELA

Desinfetantes   

Álcool                         

• Hipoclorito de sódio

• Fenol

• Formol   

  Temperatura  

Pasteurização lenta - 62,8 a 65,6 º C / 30 min

Pasteurização rápida - 71,1 º C / 15 seg.

Fonte: RUSSEL, A .D.; YARNYCH, V.S.; KOULIKOVSKII, A .V.  Guidelines on disinfection in animal husbandry for prevention and control of zoonotic diseases.  Geneve.  WHO, 1984, 61 p.

CADEIA DE TRANSMISSÃO

FI= Fonte de infecção ; VE = Via de eliminação; VT = Via de Transmissão; PE = Porta de Entrada;  S=Suscetível

FI - Animal infectado

VE – Leite, sêmen, feto, anexos fetais, secreções vaginais e fezes

VT – Leite e derivados crus, carne crua, sêmen, água, forragens, pastagens, fômites e ambientes contaminados

PE – Trato digestivo, conjuntiva ocular, mucosas e pele lesada

S – Animais domésticos e silvestres e Homem

Fonte : Grasso, 2000.

MECANISMOS DE TRANSMISSÃO

  • PATOGENIA:

Mucosas do trato digestivo ( principalmente)

Fagocitadas pelos macrófagos

- linfonodos regionais (multiplicação)

       corrente sanguínea (dentro de macrófagos ou livres)

       – Baço, Fígado, linfonodos (supra-mamários)

Predileção por útero gravídico, tecidos mamários, e ósteo articulares, órgãos do sistema reprodutivo masculino.

Terço final da gestação – produção de eritritol aumenta - multiplicação da Brucella – necrose e/ou deposição de fibrina na região dos cotilédones placentários.

Localização dos gânglios linfáticos na vaca

Localização preferencial da Brucella - cotilédones

Fonte: http://intramed.uam.mx/nuevo/brucc/brucella.htm

  • SINTOMATOLOGIA:

Fêmea : Abortamento, retenção de placenta, corrimentos vaginais, endometrites, mastites

Macho: Orquite, Epididimite, provocando infertilidade , subfertilidade ou esterilidade.

Aparelho locomotor: - infecções articulares. Bursites, espondilites em vértebras torácicas e lombares , podendo atingir medula óssea e tendões.

Feto abortado - terço final da gestação

Necrose em placentomas - placenta de bovino

Orquite brucélica em touro

Fonte: ATLAS DE DOENÇAS DE BOVINOS, EQÜINOS, OVINOS E SUÍNOS.Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2000 [CD-Rom]

  • IMUNOLOGIA

Fonte: http://intramed.uam.mx/nuevo/brucc/brucella.htm

  • VACINAÇÃO

    • Características da B19

Ø    Dose única protege 60% contra infecção e 70% contra aborto;

Ø    Restrição quanto ao sexo, espécie e faixa etária.

Ø    Pode induzir aborto;

Ø    Interferência no sorodiagnóstico pequena se utilizada corretamente;

Ø    É a mais utilizada no mundo; foi usada pela maioria dos países que erradicaram a doença.

Ø Diminui a taxa de infecção zonas de alta prevalência levando à erradicação;

Ø 80% de cobertura vacinal com a B19 a prevalência cai £ 2%  -  exclusão da Vacinação - Diagnóstico e abate dos reatores;

Ø  Cerca de sete a dez anos para se atingir esta situação;

Ø  Restrição de faixa etária para a B19.

  •  Características da RB-51

ØNão induz anticorpos que interfiram no diagnóstico sorológico mesmo quando aplicada repetidamente.

ØPode ser administrada em animais de qualquer idade

Ø Uma única dose pode induzir imunidade forte e duradoura

Ø Não provoca aborto em vacas prenhes

ØInduz imunidade cruzada contra as três Brucellas lisas, protegendo outras espécies além dos bovinos.

MÉTODOS DIAGNÓSTICOS

J   SIMPLES (TRIAGEM)

J   BARATOS (TRIAGEM)

J   REPRODUTIBILIDE (PRECISÃO)

J   ACURÁCIA (EXATIDÃO)

____________________________________

SORODIAGNÓSTICO    REBANHOS

Pesquisa de anticorpos - IgG, IgA, IgM

TRIAGEM

 TAAT  -   IgG1,  IgG2, IgM

 TA      -  IgA , IgG1, IgG2, IgM

 CONFIRMATÓRIO

 TFC’  -  IgG1

2-ME   -  IgG1, IgG2

vMÉTODOS DIAGNÓSTICOS  

TESTES     SENSIBILIDADE         ESPECIFICIDADE             AUTORES

TAAT                         99,6%             83,1%                            DAVIES et al., 1971

2-ME                          -                    97%                                NICOLETTI , 1966

TFC’                           97,5%             99,9%                            NIELSEN et al., 1995

_______________________________________________________

ELISA                    99,3%             9,6%                         NIELSEN & GALL 1998

vSENSIBILIDADE

Probabilidade de um teste classificar como positivo um animal realmente positivo. Porcentagem de positivos de uma população de portadores da enfermidade em questão.

vESPECIFICIDADE

Probabilidade de um teste classificar como negativo um animal realmente negativo. Porcentagem de resultados negativos em uma população de não portadores  da enfermidade em questão.

Quantidade (em h/ml) dos isotipos de anticorpos purificados contra B. abortus necessária para causar sinal nos testes clássicos usados no soro diagnóstico da brucelose bovina. - Sensibilidade analítica de cada teste.

Teste

Principais anticorpos presentes  e seus respectivos valores

IgM

IgG1

IgG2

IgA

SAT 

20

(-)

125

650

RBT  

(-)

550

5500

 (-)

CT 

(-)

600

7500

 (-)

ME 

(-)

1500

2600

(-)

CFT  

(-)

210

(-)

(-)

Fonte: NIELSEN et al., 1984  

vCONTROLE:

(Quanto à fonte de infecção)

Ø Testes sorológicos a intervalos regulares (2 a 6 meses)

Ø Sacrifício dos animais reatores até dois resultados negativos sucessivos para todo plantel

Ø Quarentena para fêmeas que tenham abortado ou parido, só introduzindo no rebanho novamente após dois resultados sorológicos negativos

Ø Adotar a mesma conduta para animais que participaram de feiras e exposições, ou animais recém adquiridos, mesmo portando declaração de exame negativo.

  • CONTROLE:

(Quanto às vias de transmissão)

Ø Restringir o tráfego de pessoas e animais estranhos à propriedade.

Ø Programa de higiene e desinfecção de instalações

ØManter as pastagens baixas para facilitar a incidência de luz solar

ØOrientar a população sobre os riscos da ingestão de alimentos que não sofreram preparo adequado.

  • CONTROLE:

(Quanto aos susceptíveis)

Ø    Vacinação das bezerras entre 3 e 8 meses – Vacina B -19

PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E ERRADICAÇÃO DA BRUCELOSE E TUBERCULOSE

Instrução Normativa nº 2 de10 de janeiro de 2001. Publicada no D.O.U. de 11 de Janeiro de 2001. Brasil  Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

http:// www.agricultura.gov.br/sda/dda/programa.htm.

OBJETIVOS :

ØBaixar a prevalência e a incidência de novos casos de brucelose e de tuberculose;

ØCriar um número significativo de propriedades certificadas que oferecem ao consumidor produtos de baixo risco sanitário

  • PROPOSTAS TÉCNICAS:

ØVacinação contra a brucelose

ØCertificação de propriedades livres de brucelose e tuberculose.

ØCertificação de propriedades monitoradas para brucelose e tuberculose.

ØControle do trânsito de reprodutores e normas sanitárias para participação em exposições, feiras, leilões e outras aglomerações de animais

ØCredenciamento e capacitação de médicos veterinários

ØDiagnóstico e apoio laboratorial

ØParticipação do serviço oficial

ØEducação sanitária

Bibliografia

Grasso,L.M.P.S. O combate à brucelose bovina. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia Experimental Aplicada a Zoonoses) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, 1998.

 

 

 

Home ] Acima ]

Envie mensagem a mcguido@mcguido.vet.br com perguntas ou comentários sobre este site da Web.
Copyright © 2003 Maria Carolina Guido
Última modificação: 18 maio, 2005